segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008


O Dr. Analogia

Segundo o dicionário Aurélio, analogia é um ponto de semelhança entre coisas diferentes. Não sei quando, exatamente, descobri isso – mas confesso que mudou a minha vida. Ah, e também a vida de quem ouve minhas histórias. Eu descobri que poderia dizer tudo que tinha para dizer, e ainda tenho, de uma forma mais simples. Então, é como imaginar um carro com quatro cachorros dentro, mas nenhum deles sabe dirigir. Sorte deles que no volante está uma girafa. O caro leitor amigo do Comunique-se me entende?!

A arte da analogia está na simplificação dos assuntos. Ela serve para isso. Eu conto uma história e, de repente (nunca pode ser uma coisa planejada), eu dou exemplo daquilo que estou falando – mesmo que esse exemplo não pareça ter nada a ver com o assunto – e a pessoa que me ouve entende perfeitamente o que eu quis dizer, melhor: ela jamais esquece daquilo, pois a imagem da analogia costuma ser muito mais marcante que a imagem da realidade. Então, é como se você tivesse dentro de uma sala de cinema assistindo um filme pornô, mas com a Pamela Anderson ao seu lado. O caro leitor amigo do Comunique-se me entende?!

É claro que o sujeito que faz a analogia tem que ser talentoso para a coisa. Não basta apenas dar um exemplo de qualquer jeito. Eu diria que é necessário ele visualizar toda a cena numa fração de segundos, alternando os personagens, da história real para a fictícia e da fictícia para a real, sem que ninguém destoe do seu papel. Então, é como se, ao ler um livro de 300 páginas falando sobre a vida do Raul Seixas, você estivesse no banheiro limpando tudo que precisa limpar com páginas da Folha de São Paulo. O caro leitor amigo do Comunique-se me entende?!

No Comunique-se tenho, faz dois anos, abusado das analogias. Meus textos dificilmente dizem o que parecem dizer. Aqui meu trabalho não é apagar a fogueira, mas jogar lenha nela. Analogia para cima e para baixo, metáforas no meio e nos lados. Parece tudo uma grande putaria, mas não é. O meu objetivo é claro – mesmo que esquisito. Então, é como se você cantarolasse a mesma canção mudando a letra o tempo todo. O caro leitor amigo do Comunique-se me entende?!

Fazer analogia para mim é uma questão de sobrevivência. Minhas palavras gritam o tempo todo "Decifra-me ou eu te devoro!". A vida me bate na cara o tempo todo. O coração quer sair pela boca o tempo todo. Estou voando e engolindo todas as nuvens que encontro pela frente. Minha poesia não tem nada de poética e minha caneta é uma arma disparando sob a luz e as sombras. Então, é como se meu céu fosse formado por estrelas que eu mesmo desenho – não vou esperar a claridão chegar, pois tenho pressa de viver. O caro leitor amigo do Comunique-se me entende?!

Então, ao contar minhas analogias, minhas amigas coçam a cabeça e os meus amigos coçam outra parte do corpo. Todos fazem cara de conteúdo – arregalando os olhos e fazendo um movimento afirmativo com a cabeça. Assim, percebo que consegui ser entendido e me sinto um gênio das palavras – um contador de histórias como poucos – me sinto "O cara". É como você fechar os olhos e imaginar o Paulo Coelho sentado numa cadeira da Academia Brasileira de Letras tomando chá e comendo bolacha. O caro leitor amigo do Comunique-se me entendeu?!

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