domingo, 28 de outubro de 2007


Missa de sétimo dia

Limpei os sapatos, com as sujeiras das ruas, no tapete. Respirei fundo, fiz o sinal da cruz, e entrei na igreja. Hoje eu começo pelo fim, caro leitor amigo do Comunique-se. E quero acreditar que, muitas vezes, o fim é só um recomeço.

Eu nunca gostei de hospital. Eu nunca gostei de velório. Eu nunca gostei de enterro. E por evitar minha presença nesses tristes momentos, eu nunca havia estado numa missa de sétimo dia. Mas, como tudo na vida tem sua primeira vez, dia 26-10-2007, sexta-feira, às 19h30, estive na missa em homenagem ao meu padrinho, Pedro das Dores Costa.

No dia 20-10-2007, um sábado, deixei minhas frescuras de lado e fui ao seu velório. Eram 16h00. O corpo foi enterrado às 18h00. Ainda fazia sol em São Paulo. O dia estava muito bonito, mas me parecia triste. As pessoas estavam silenciosas. As palavras não diziam o que poderiam dizer. Eu olhei para aquele caixão, com um corpo imóvel, e lembrei do olhar de discordância dele, meu padrinho, no hospital, na semana anterior. Realmente eu não o visitara em casa.

É que no dia 14-10-2007, um domingo, às 11h00, eu já deixara minhas frescuras de lado e fora visitá-lo no hospital. Ele, aos 61 anos, padecia de um câncer no pulmão. Mais uma vítima do tabaco. Fazia meses, não, fazia anos que eu não o via. Conversamos por uns 10 minutos. Talvez um pouco mais. Conversamos sobre meu novo trabalho. Conversamos sobre futebol. Conversamos, mesmo quando não nos falamos. E ao sair do hospital falei que o visitaria em casa, brevemente. Ele concordou com a cabeça, mas discordou com os olhos.

Seis anos atrás, minha madrinha já havia falecido num acidente de carro. Na época fui informado depois do enterro e, com minhas frescuras reinantes, não fui à missa de sétimo dia. Ela também era uma pessoa adorável. Ambos eram. Há quem não tenha sorte com padrinhos. A minha sorte foi abundante nesse caso. Eu tive os melhores padrinhos do mundo – pareciam anjos tamanha bondade e carinho que emanavam.

Quando eu já era adolescente, meus padrinhos ainda passavam na minha casa, todo 09 de dezembro, para me dar parabéns por mais um aniversário. Era uma regra. Eu fazia aniversário e esperava eles me visitarem. Eles sempre me visitavam. Todo ano a mesma coisa. Eu, tolo, como todos jovens apreciam ser, nunca soube as datas de aniversário deles. Eu nunca dei parabéns a eles por nada. Hoje, mesmo que tarde, chegou a hora de eu parabenizá-los. Hoje, mesmo que tarde, chegou a hora de eu dizer que os amava. Hoje, mesmo que tarde, ainda é o momento para agradecer.

É que quando eu era criança, nos meus aniversários, meus padrinhos cantavam Parabéns pra Você e me ajudavam a apagar as velinhas que meu assopro fraco de criança não dava conta. Eles me traziam sempre uma lembrança embrulhada em papel de presente todo colorido. Eles sorriam, me abraçavam e me beijavam. Eles me tratavam como filho. Eu era mais um filho e, assim, sempre fui. O ser humano é bobo, e como todo bobo, vive a vida sem agradecer. Eu sempre fui um ser humano. Fui bobo demais e, por algum motivo que desconheço, nunca fazia uma simples ligação telefônica ou mesmo uma visita a eles.

Mas quando eu era bebê, meses depois de nascido, fui batizado e fui carregado no colo por meus padrinhos. Fui beijado e amado desde aquele momento. Eu tenho ainda as fotos do meu batizado, já amareladas pelo tempo. Eu tenho as lembranças desse momento documentadas. Eu tenho tudo, embora meus padrinhos já não estejam mais aqui. Acho que lá no céu eles devem estar comentando que 09 de dezembro está chegando e que seu afilhado merece mais um monte de beijos e abraços. Mas, dessa vez, eu não vou esperar 09 de dezembro para dizer OBRIGADO, OBRIGADO e MUITO OBRIGADO!
Sai da igreja com os sapatos, o coração e a alma limpos. Ame, caro leitor amigo do Comunique-se. Mas, sobretudo, diga para as pessoas que você ama o quanto você as ama. E, de preferência, diga com elas ainda vivas.

Obs: nesse 28-10-2007, domingo, às 10h03, com amor e carinho, para Beny Ribeiro Costa e Pedro das Dores Costa, do seu, sempre, afilhado Fábio de Lima.

Procura-se namorada III

Na vida, nunca conheci nada que se repetisse e o três fosse melhor que o um ou o dois. Eis aqui meu desafio. Mas eu o recuso. Já informo, desde agora, que minha procura por namorada, através do Comunique-se, acabou. Se encontrei quem procurava? Não sei. Na verdade, continuo solteiro. Recebi muitos e-mails. Cheguei a conhecer uma garota incrível. Entre várias virtudes, ela toca violino. Ela me disse que ainda está aprendendo – mas eu prefiro imaginá-la tocando seu violino e sorrindo, sorrindo, sorrindo para mim.

O que fiz nestas últimas semanas foi me despir. Sim, isso que você acaba de ler, caro leitor amigo do Comunique-se. Estive pelado durante esse tempo. Sabe por quê? Não é possível se trocar de roupas já vestido. Se possível, não é viável. Como desejo um grande amor para minha vida, tive de despir meu coração e despir, também, minha alma. Alguns me condenaram por colocar um "anúncio" no Comunique-se. Mas – como diria Edith Piaf – Non, Je Ne Regrette Rien.

Agora ainda estou só. Falta uma boa companhia para assistir ao novo filme do Hector Babenco: O Passado. Eu queria ir à praia no próximo final de semana, mas falta um belo sorriso ao meu lado. Tenho um jantar para ir na sexta-feira, mas também não me sentiria bem indo só. Gostaria de convidar a garota do violino, mas receio que ela não aceite. Irei pensar com calma nas próximas horas. Só sei que não tenho tempo a perder e, se quero ser feliz e fazer alguém feliz, tenho que correr riscos.

Neste 23 de outubro de 2007 eu me declaro livre para amar! Parabéns! De hoje em diante, o passado estará guardado com carinho nas lembranças. Meu presente, escrevo em cada inspiração e expiração. Meu futuro? Talvez seja ao lado da garota do violino. Talvez não. Bem, meu futuro principia hoje e só terminará no dia que a dor tiver mais forças que a alegria. Viva à Edith Piaf! Viva à garota do violino! Viva à Fábio de Lima!

(Non, Je Ne Regrette Rien)

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!
Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!
Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!
Varridos os amores
E todos os seus "tremolos"
Varridos para sempre
Recomeço do zero.
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!
Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

sábado, 13 de outubro de 2007


Procura-se namorada (II)

Depois da coluna da semana passada, Procura-se namorada (I), fiquei preocupado com os desdobramentos dessa história. Recebi muitos e-mails. Para ser exato, foram 600 durante toda a semana. Para falar a verdade, foram apenas 3, mas, como não gosto de números ímpares, arredondei para 600 mesmo. De duas, uma: ou meu texto foi uma merda ou a foto que está exposta, junto a ele, está uma merda. Ainda existe a possibilidade das duas alternativas estarem corretas. Ai, Fábio, que horror (pensa a amiga leitora)! Já o amigo leitor pensa: você é feio mesmo, porra! Se fodeu (ainda dá uma gargalhada e me chama de palhaço, ao terminar de ler o texto)!

Eu não sei o que houve. Esperava receber mensagens de mulheres maravilhosas dizendo que aceitavam não só namorar comigo, como, também, casar imediatamente. Doce Ilusão. Lembro ao caro leitor amigo do Comunique-se que, no ano passado, eu já havia pedido uma namorada em casamento (e ela aceitou), através do espaço Literário (Pedido de casamento). Por que não estou casado? Ela desistiu depois de um tempo. Disse que não me amava e o tempo provou que não me amava mesmo – mas isso é outra história. Voltemos ao namoro na TV ou, melhor dizendo, namoro no Comunique-se.

As 3 garotas que me mandaram e-mail foram diretas ao assunto. A primeira delas disse que não acreditava em uma palavra do que escrevi. Falou que eu deveria ser um homem bem galinha e que se pensava que toda a lorota que escrevi iria fazê-la ir para a cama comigo, eu poderia tirar o cavalinho da chuva. Disse, também, que não acreditava em homem nenhum nesse mundo. Respondi o e-mail com o telefone do meu analista. Ele tem feito grandes progressos comigo e, talvez, possa ajudar essa menina (essa louca!).

A segunda me parabenizou pela sensibilidade, mas disse que não se interessou pelo meu perfil. Só me desejou boa sorte. Ainda assim, perguntou-me se havia outros homens gentis como eu pelo mundo. Respondi o e-mail com o telefone do André Falavigna (Barba!) só para sacanear a menina. Já que não me deu bola, eu chutei o balde. O Falavigna é o cara mais grosseiro que conheço. Eu diria que ele é um Jece Valadão do século XXI. Já que a menina não quis nada comigo, eu aprontei com ela. E aprontei com o "Barba" também, pois, pelo que sei, ele é casado e feliz, e eu joguei um problemão para cima dele. Dane-se! Amigo só serve para essas coisas mesmo e para se pedir dinheiro emprestado, é claro!

A terceira disse, logo de cara (sem oi ou bom dia), que minha foto não lhe causara nenhuma atração, embora gostasse de homens intelectualizados. Disse também que detestava homens de cavanhaque, e quando eu respondi o e-mail dizendo que estava sem cavanhaque, no momento, ela me disse que não tinha jeito. Falou que pela foto já sabia não haver química alguma entre a gente. Bem, para essa eu respondi o e-mail com o telefone da sede do PSDB, em São Paulo, já que ela ama intelectuais, e com o telefone da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química). Na hora de assinar o e-mail, coloquei meu nome e, ainda, a mandei para a puta que pariu. Mal-educado eu?! Namora com ela, então! Pode casar com essa P (de princesa)!

Como vê, caro leitor amigo, minha situação está complicada. Fiquei estressado com a repercussão ou falta de, causada pelo meu texto, e pela minha foto. Estou pensando até em falar com o meu editor, ilustríssimo Pedro Bondaczuk, para mudar minha foto por uma do Brad Pitt e meu texto por um do Paulo Coelho. Porra, agora vou apelar. Não tenho mais nada a perder. Como diria Vicente Mateus, quem sai na chuva é para se molhar mesmo! Bem, agora ou vai ou racha. Eu quero ver o circo pegar fogo só para eu levar a trapezista para minha casa.

A verdade é só uma: a diretoria do Comunique-se já está de saco cheio dos meus textos e de mim. Isso aqui para nós, caro leitor amigo. Que ninguém nos ouça. Confidencial, entende? Os diretores já me disseram, 2 vezes, que meus textos não tem nada a ver com a proposta do site. Na verdade, disseram 177 vezes, mas, resolvi arredondar para um número par. A Miriam Abreu, editora-chefe, me disse, outro dia, que os meus textos são "patifaria pura". Ela chegou a me chamar de "charlatão das letras". Então, é assim: ou eu arrumo uma namorada, através do comunique-se, ou subo o número de acessos do site em, pelo menos, 100%. É isso ou rua! Já determinaram. O fato é que estou fodido e solteiro, solteiro e fodido – e na iminência de ser mandado embora do Comunique-se.

Mas não há de ser nada. Sou louco, mas estou vivo. Sou feio, mas sou charmoso. Sou burro, mas sou cara de pau. Sou pobre, mas sou artista. Sou triste, mas sou poeta. E para vocês, amigas leitoras do Comunique-se, bonitas e solteiras, não esqueçam que, para ser feliz, muitas vezes, é preciso se expor ao ridículo. É que, para ser feliz, muitas vezes, é preciso acreditar no impossível. Saibam que, para ser feliz, muitas vezes, é preciso ser mais que um sonho guardado no peito. Eu sou apenas quem eu sou, Fábio de Lima, mas na ânsia de ser sempre melhor. Beijos de um louco que ainda acredita no amor: fabdelima@uol.com.br .

sexta-feira, 12 de outubro de 2007


Procura-se namorada (I)

O que dizer da vida? Se eu falar que ela é feia, estarei mentindo. Se eu falar que ela é bonita, estarei mentindo. Tenho pensado tanto, ultimamente. Sento numa poltrona antiga, que tenho no meu quarto, e imagino muitas coisas. Nem sei se vale a pena ficar pensando tanto. Meu pai diz que pensar demais deixa o homem velho. Ele fala que faz cair os cabelos. Minha mãe diz que aquele que pensa muito não faz nada. O fato é que vou pensando agora e sempre.

E tenho pensado no amor. Tenho pensado muito mais que amado. Ainda sentado na poltrona, limpo as unhas da mão esquerda com as unhas da mão direita. Nojento? Não sei. Sobre isso não tenho pensado. Mas, enquanto limpo as unhas, imagino como será a mulher que o futuro me reserva para envelhecer ao meu lado. Sim, por que não aceito a eterna solidão e imagino que essa mulher esteja perto, porque, às vésperas de completar 31 anos, meus cabelos ainda não começaram a cair, como profetiza meu pai, mas já embranquecem.

Não sei se ela será jornalista ou publicitária ou estudante ou advogada. Não sei de nada. Sigo pensando. Bem que ela poderia ser baixinha, adoro mulheres baixinhas. Ela tem que ser sensível – pois insensibilidade não tolero. Tolerância zero às insensíveis. Ela não precisa ser tão simpática com os outros, porque eu também não sou o cara mais simpático do mundo. Fico pensando ainda que ela tem que gostar muito de cinema. Eu adoro cinema. E tem que valorizar o cinema brasileiro. Eu amo o cinema brasileiro. Cinema de verdade, que fique claro. Seriado da Globo, em sala de cinema, me dá náusea.

Penso também no tamanho do cabelo. Não precisa ser tão grande, mas cabelo curto eu não gosto muito. Os olhos? Ah, os olhos...! Olhar é muito importante. Os olhos da minha futura namorada têm que ser ferozes como um dragão e mansos como um cordeiro. Ela tem que ser geniosa, mas carinhosa. Nunca me interessei por uma mulher que não fosse geniosa. Se for do signo de escorpião ou leão, eu nem preciso olhar nos olhos para saber que é meu número. Mulheres desses signos me encantam, e acabam comigo também.

E seguindo com os pensamentos, lembro que tem de ser culta ou, pelo menos, valorizar a cultura. Inteligência e cultura são indispensáveis à personalidade da mulher que procuro. Não gosto de intelectuais, que fique claro também aqui. Gosto de uma inteligência emocional. Gosto de mulheres que falam sobre cinema, música, teatro, literatura, televisão, e sobre salto alto, maquiagem, novela, praia – tudo com a mesma desenvoltura. Gosto de mulher com jeito de menina e de menina com jeito de mulher.

Você mente? Está fora. Sou um homem sincero e valorizo mulheres que também sejam sinceras. Detesto mentiras. Mentiras brancas? Não sei o que é isso. Para mim, mentiras são mentiras e pronto. Gosto de mulher romântica, porque sou romântico até não poder mais. Estou pensando agora, aqui, sobre bunda. Ah, não venha com moralismo, caro leitor amigo do Comunique-se, bunda também é importante. Mas aqui vale um adendo: minha preferência é mais americanizada e bunda é só uma bunda (uma palavra gostosa de ser pronunciada). Entendeu?

Quando eu penso numa mulher para estar ao meu lado, não penso em dinheiro. Não precisa tê-lo, pois eu também não o tenho. Precisa é ter caráter, afinal, isso o dinheiro não compra. Gosto de mulher com jeito simples e, ao mesmo tempo, sofisticado. Classe se nasce ou não com ela, independentemente daquela outra classe, a social. Um diferencial: saber estacionar um carro. Se isso é importante? Não sei. Mas evitará atrasos nossos em compromissos, porque eu sei dirigir (minha ex-namorada dizia que não), mas estacionar o carro eu não sei mesmo.

Agora as leitoras desse texto devem estar se perguntando: e eu – o que ganho em namorar com você, Fábio? Bem, não sou um príncipe encantado. Mas dentro do meu coração bate um som diferente. Sou sonhador como poucos. Sou sincero ao extremo. Sou um menino de cinco anos e um velho de oitenta e cinco, dentro do mesmo corpo. Aqui no meu pedacinho de mundo os verdadeiros valores ainda existem. Eu não sei se serei o melhor namorado do mundo, mas, em cada segundo, lutarei com toda dignidade para sê-lo. Meu e-mail: fabdelima@uol.com.br.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007


Monopólio da estupidez

A Rede Globo de Televisão não passa de uma produtora de novelas. Ela não é uma TV. O Brasil está sendo enganado. Na semana passada houve a estréia do Record News, o primeiro canal de notícias, 24 horas, da TV aberta brasileira. Na cerimônia de abertura, o proprietário (dono) da Rede Record de Televisão, Edir Macedo, disse que a Record News nasce para acabar com o monopólio da notícia – uma clara referência à Rede Globo.

A Rede Globo monopolista, como é hoje, está com os dias contados. Na opinião desse que vos fala, a Rede Record já consegue ser a melhor Rede de TV do Brasil. Isso não quer dizer muito, pois a programação de nossas TVs é um excremento (uma merda) com raras exceções. A Rede Globo ainda detém a maior audiência e, acredito, que essa realidade vá demorar mais uns 5 anos para ser mudada. O brasileiro se acostumou com a Globo e o processo de descoberta e valorização das outras Redes será lento.

A Rede Globo tem, atualmente, como principal finalidade a produção de novelas. Por isso a chamo de uma produtora de novelas e não de uma TV. Ela faz uma novela no horário das 18h00, outra no horário das 19h00 e, por fim, no horário das 20h00. Esses horários já foram mais rígidos um dia, mas hoje são apenas referenciais. Mas o fato importante é que, fora essas 3 novelas, ainda tem a reprise, de uma novela antiga, no começo da tarde. Não bastasse, existe um programa de bastidores das novelas – também no começo da tarde.

A Rede Globo tem também seus telejornais. Logo cedo tem o jornal local. Na hora do almoço outro jornal local. Posteriormente um jornal esportivo. E depois o telejornal nacional da tarde. Quando chega a noite, a emissora número 1 do Brasil (carioca) exibe um jornal local intercalado por novelas e, depois, exibe seu telejornal nacional da noite. No final da noite – beirando a madrugada – exibe outro telejornal nacional. Muitas das notícias se repetem em todos os jornais, as análises das notícias não existem ou são direcionadas (manipuladas). Ainda assim, o povo julga-se informado.

A Rede Globo também tem desenhos pela manhã. Esses desenhos, obviamente, não são feitos pela Globo. Antes dos desenhos tem um programa feminino. Nesse programa feminino sempre há espaço para receber atores das novelas da Globo. Depois da última novela da noite existem programas – muitas vezes humorísticos – que costumam ter boa parte dos atores das novelas da Globo. No domingo, o principal programa da emissora – que dura boa parte da tarde e o começo da noite – tem como principais atrações as entrevistas ou quadros com atores das novelas da Globo.

A Rede Globo tem um telejornal-variedade, na noite de domingo, que de telejornal tem pouco e de variedade também. O programa tem muitos quadros que tem como finalidade principal expor os atores das novelas da Globo. Na manhã de domingo existe esporte. No principio da tarde, ainda de domingo, existe um humorístico que recebe, quase sempre, como convidados, atores das novelas da Globo. Eu esqueci de dizer lá em cima – mas lembro aqui – que durante a semana ainda existe, no final da tarde, uma novela voltada para o público jovem e protagonizada pelos, também jovens, atores das novelas da Globo. Portanto, são cinco novelas por dia.

A Rede Globo tem ainda um programa, no sábado, no qual uma das principais apresentadoras da emissora passeia e joga conversa fora com atores das novelas da Globo. Durante a semana tem um programa voltado para o público jovem, de madrugada, que recebe sempre atores das novelas da Globo. Não é raro também que o principal talk show da TV brasileira receba, no fim da noite e começo da madrugada, atores das novelas da Globo. Ou seja, a programação da Rede Globo de Televisão não passa de novelas. Tudo ou (apenas) 90% da programação está relacionado às novelas da Globo.

A Rede Globo ainda tem ajuda das Redes amigas (concorrentes). Acho muito estranho (estúpido-burro-ridículo) que as outras TVs passem boa parte de suas programações falando sobre os atores e sobre as novelas da Rede Globo. Acho uma cretinice enaltecer repetitivamente a programação da concorrente – mesmo que isso dê audiência. Na verdade, eu não acredito na superioridade da Rede Globo como TV e sim na inferioridade das suas concorrentes. Tudo é muito ruim incluindo ou excluindo a Globo.

A Rede Globo tem toda uma empáfia por um único motivo: a TV aberta no Brasil é o monopólio da estupidez, porque, apesar de ser um oligopólio, tem o mesmo rosto e a mesma bunda. Na realidade todas as TVs no Brasil fazem plim-plim, ainda que repudiem isso. Os programas são uma mistura de marketing comercial e marketing pessoal feitos com homens e mulheres que estão no imaginário da população brasileira, como estrelas ou heróis, através das novelas, ou coisas que o valham, principalmente, feitas pela Rede Globo. Menor problema se tudo isso fizesse parte de um contexto, mas não. Apenas isso é todo o contexto.

E para não dizer que não falei das flores, como diria Geraldo Vandré, faço a seguinte pergunta à Rede Record de Televisão: você quer mesmo mudar tudo isso? Eu mesmo respondo para encurtar a palhaçada: obviamente que não! A Record quer apenas inverter a ordem das coisas. Ela que ser a Globo! A briga não é por qual emissora irá oferecer o melhor conteúdo televisivo para a população brasileira, mas sim para decidir qual emissora terá mais poder junto ao governo (circo) e mais audiência junto à população (domesticada), seguido de mais investimentos por parte dos anunciantes (capitalistas). Tudo que for diferente disso e você saiba, caro leitor amigo do Comunique-se, informe para mim e também para Deus, pois nem ele e nem eu sabemos de outros objetivos por parte das TVs brasileiras. Eu só vejo um monopólio nessa história (zorra toda) e é o monopólio da estupidez. Abra, pelo menos, um olho, caro leitor amigo, pois em terra de cego caolho é rei.