domingo, 9 de março de 2008


Não chores por mim, Brasil

Eu pago para ver que país o Brasil vai virar. Não será de algodão doce – tenho certeza. Nem será nunca conto de fadas do Walt-Disney. As pesquisas não interpretam o que ele já é. Presidente e ministros não entenderam nada. O Brasil é mais que uma piada, mas a gente também não entendeu. Chega daquela conversa de país do futuro, né? E nas esquinas os pedintes também não sabem de nada. Já os livros didáticos..., ah, esses não sabem nem quem descobriu o Brasil.

O trânsito está caótico na rua aqui perto de casa. No hospital aqui do lado tem uma fila de gente esperando para morrer. Os bancos, na rua da direita, não sabem mais onde colocar todo o seu dinheiro. E as escolas, aqui pertinho, estão em greve – mas os professores (que sabem tudo) não sabem o motivo da paralisação. Os alunos resolveram cabular aula, mesmo sem aula. E nas farmácias aqui do bairro estão vendendo remédios para engravidar, para abortar, para resfriado e para qualquer coisa. Negócios são negócios.

O Brasil não é Cuba. O Brasil não é Estados Unidos da América. O Brasil não é Afeganistão. Quem é o Brasil, então? Coço a cabeça e escrevo devaneios. O asfalto está um buraco só. A cozinha está no lugar do quarto e o quarto no lugar da sala. Na verdade, tudo não passa de um enorme banheiro. O dinheiro escorre pelo ralo e brasileiro não existe – ele é uma ficção criada pela Rede Globo. Segura o guarda-chuva com força que a chuva é de pedra na cabeça do povo. Segura com força, tá?

Janeiro, fevereiro e março. Sai da frente que lá vem a mordida do leão. A selva faz do brasileiro um bicho. Estou contando as moedas para comprar uma cueca nova. Seu José está contando as moedas para comprar um litro de leite. Dona Maria queria contar as moedas – mas moedas não há para contar. E o futebol, hein? Que delícia! E o samba, hein? Que maravilha! E as belezas naturais? Que lindas! E o filho do filho do meu vizinho pedindo no farol? Pula essa parte! O que for com os outros não é comigo.

Ah, mas olha que bandeira linda tremulando no mastro. Corre, corre, corre que estão vindo os bandidos! Corre, corre, corre que estão vindo os policia (sic)! Meu chinelo de dedo, minha calça rasgada, minha camiseta regata, meu boné puído e o calendário passando, passando, passando e o Brasil cheirando à rosas pretas e espinhosas. Meu país é uma esmola jogada fora da bacia. Não chores por mim, Brasil, eu sou apenas mais um brasileiro; chores por ti ao olhar-te no espelho. Quanta decepção!

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