sexta-feira, 12 de outubro de 2007


Procura-se namorada (I)

O que dizer da vida? Se eu falar que ela é feia, estarei mentindo. Se eu falar que ela é bonita, estarei mentindo. Tenho pensado tanto, ultimamente. Sento numa poltrona antiga, que tenho no meu quarto, e imagino muitas coisas. Nem sei se vale a pena ficar pensando tanto. Meu pai diz que pensar demais deixa o homem velho. Ele fala que faz cair os cabelos. Minha mãe diz que aquele que pensa muito não faz nada. O fato é que vou pensando agora e sempre.

E tenho pensado no amor. Tenho pensado muito mais que amado. Ainda sentado na poltrona, limpo as unhas da mão esquerda com as unhas da mão direita. Nojento? Não sei. Sobre isso não tenho pensado. Mas, enquanto limpo as unhas, imagino como será a mulher que o futuro me reserva para envelhecer ao meu lado. Sim, por que não aceito a eterna solidão e imagino que essa mulher esteja perto, porque, às vésperas de completar 31 anos, meus cabelos ainda não começaram a cair, como profetiza meu pai, mas já embranquecem.

Não sei se ela será jornalista ou publicitária ou estudante ou advogada. Não sei de nada. Sigo pensando. Bem que ela poderia ser baixinha, adoro mulheres baixinhas. Ela tem que ser sensível – pois insensibilidade não tolero. Tolerância zero às insensíveis. Ela não precisa ser tão simpática com os outros, porque eu também não sou o cara mais simpático do mundo. Fico pensando ainda que ela tem que gostar muito de cinema. Eu adoro cinema. E tem que valorizar o cinema brasileiro. Eu amo o cinema brasileiro. Cinema de verdade, que fique claro. Seriado da Globo, em sala de cinema, me dá náusea.

Penso também no tamanho do cabelo. Não precisa ser tão grande, mas cabelo curto eu não gosto muito. Os olhos? Ah, os olhos...! Olhar é muito importante. Os olhos da minha futura namorada têm que ser ferozes como um dragão e mansos como um cordeiro. Ela tem que ser geniosa, mas carinhosa. Nunca me interessei por uma mulher que não fosse geniosa. Se for do signo de escorpião ou leão, eu nem preciso olhar nos olhos para saber que é meu número. Mulheres desses signos me encantam, e acabam comigo também.

E seguindo com os pensamentos, lembro que tem de ser culta ou, pelo menos, valorizar a cultura. Inteligência e cultura são indispensáveis à personalidade da mulher que procuro. Não gosto de intelectuais, que fique claro também aqui. Gosto de uma inteligência emocional. Gosto de mulheres que falam sobre cinema, música, teatro, literatura, televisão, e sobre salto alto, maquiagem, novela, praia – tudo com a mesma desenvoltura. Gosto de mulher com jeito de menina e de menina com jeito de mulher.

Você mente? Está fora. Sou um homem sincero e valorizo mulheres que também sejam sinceras. Detesto mentiras. Mentiras brancas? Não sei o que é isso. Para mim, mentiras são mentiras e pronto. Gosto de mulher romântica, porque sou romântico até não poder mais. Estou pensando agora, aqui, sobre bunda. Ah, não venha com moralismo, caro leitor amigo do Comunique-se, bunda também é importante. Mas aqui vale um adendo: minha preferência é mais americanizada e bunda é só uma bunda (uma palavra gostosa de ser pronunciada). Entendeu?

Quando eu penso numa mulher para estar ao meu lado, não penso em dinheiro. Não precisa tê-lo, pois eu também não o tenho. Precisa é ter caráter, afinal, isso o dinheiro não compra. Gosto de mulher com jeito simples e, ao mesmo tempo, sofisticado. Classe se nasce ou não com ela, independentemente daquela outra classe, a social. Um diferencial: saber estacionar um carro. Se isso é importante? Não sei. Mas evitará atrasos nossos em compromissos, porque eu sei dirigir (minha ex-namorada dizia que não), mas estacionar o carro eu não sei mesmo.

Agora as leitoras desse texto devem estar se perguntando: e eu – o que ganho em namorar com você, Fábio? Bem, não sou um príncipe encantado. Mas dentro do meu coração bate um som diferente. Sou sonhador como poucos. Sou sincero ao extremo. Sou um menino de cinco anos e um velho de oitenta e cinco, dentro do mesmo corpo. Aqui no meu pedacinho de mundo os verdadeiros valores ainda existem. Eu não sei se serei o melhor namorado do mundo, mas, em cada segundo, lutarei com toda dignidade para sê-lo. Meu e-mail: fabdelima@uol.com.br.

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