sexta-feira, 5 de outubro de 2007


Monopólio da estupidez

A Rede Globo de Televisão não passa de uma produtora de novelas. Ela não é uma TV. O Brasil está sendo enganado. Na semana passada houve a estréia do Record News, o primeiro canal de notícias, 24 horas, da TV aberta brasileira. Na cerimônia de abertura, o proprietário (dono) da Rede Record de Televisão, Edir Macedo, disse que a Record News nasce para acabar com o monopólio da notícia – uma clara referência à Rede Globo.

A Rede Globo monopolista, como é hoje, está com os dias contados. Na opinião desse que vos fala, a Rede Record já consegue ser a melhor Rede de TV do Brasil. Isso não quer dizer muito, pois a programação de nossas TVs é um excremento (uma merda) com raras exceções. A Rede Globo ainda detém a maior audiência e, acredito, que essa realidade vá demorar mais uns 5 anos para ser mudada. O brasileiro se acostumou com a Globo e o processo de descoberta e valorização das outras Redes será lento.

A Rede Globo tem, atualmente, como principal finalidade a produção de novelas. Por isso a chamo de uma produtora de novelas e não de uma TV. Ela faz uma novela no horário das 18h00, outra no horário das 19h00 e, por fim, no horário das 20h00. Esses horários já foram mais rígidos um dia, mas hoje são apenas referenciais. Mas o fato importante é que, fora essas 3 novelas, ainda tem a reprise, de uma novela antiga, no começo da tarde. Não bastasse, existe um programa de bastidores das novelas – também no começo da tarde.

A Rede Globo tem também seus telejornais. Logo cedo tem o jornal local. Na hora do almoço outro jornal local. Posteriormente um jornal esportivo. E depois o telejornal nacional da tarde. Quando chega a noite, a emissora número 1 do Brasil (carioca) exibe um jornal local intercalado por novelas e, depois, exibe seu telejornal nacional da noite. No final da noite – beirando a madrugada – exibe outro telejornal nacional. Muitas das notícias se repetem em todos os jornais, as análises das notícias não existem ou são direcionadas (manipuladas). Ainda assim, o povo julga-se informado.

A Rede Globo também tem desenhos pela manhã. Esses desenhos, obviamente, não são feitos pela Globo. Antes dos desenhos tem um programa feminino. Nesse programa feminino sempre há espaço para receber atores das novelas da Globo. Depois da última novela da noite existem programas – muitas vezes humorísticos – que costumam ter boa parte dos atores das novelas da Globo. No domingo, o principal programa da emissora – que dura boa parte da tarde e o começo da noite – tem como principais atrações as entrevistas ou quadros com atores das novelas da Globo.

A Rede Globo tem um telejornal-variedade, na noite de domingo, que de telejornal tem pouco e de variedade também. O programa tem muitos quadros que tem como finalidade principal expor os atores das novelas da Globo. Na manhã de domingo existe esporte. No principio da tarde, ainda de domingo, existe um humorístico que recebe, quase sempre, como convidados, atores das novelas da Globo. Eu esqueci de dizer lá em cima – mas lembro aqui – que durante a semana ainda existe, no final da tarde, uma novela voltada para o público jovem e protagonizada pelos, também jovens, atores das novelas da Globo. Portanto, são cinco novelas por dia.

A Rede Globo tem ainda um programa, no sábado, no qual uma das principais apresentadoras da emissora passeia e joga conversa fora com atores das novelas da Globo. Durante a semana tem um programa voltado para o público jovem, de madrugada, que recebe sempre atores das novelas da Globo. Não é raro também que o principal talk show da TV brasileira receba, no fim da noite e começo da madrugada, atores das novelas da Globo. Ou seja, a programação da Rede Globo de Televisão não passa de novelas. Tudo ou (apenas) 90% da programação está relacionado às novelas da Globo.

A Rede Globo ainda tem ajuda das Redes amigas (concorrentes). Acho muito estranho (estúpido-burro-ridículo) que as outras TVs passem boa parte de suas programações falando sobre os atores e sobre as novelas da Rede Globo. Acho uma cretinice enaltecer repetitivamente a programação da concorrente – mesmo que isso dê audiência. Na verdade, eu não acredito na superioridade da Rede Globo como TV e sim na inferioridade das suas concorrentes. Tudo é muito ruim incluindo ou excluindo a Globo.

A Rede Globo tem toda uma empáfia por um único motivo: a TV aberta no Brasil é o monopólio da estupidez, porque, apesar de ser um oligopólio, tem o mesmo rosto e a mesma bunda. Na realidade todas as TVs no Brasil fazem plim-plim, ainda que repudiem isso. Os programas são uma mistura de marketing comercial e marketing pessoal feitos com homens e mulheres que estão no imaginário da população brasileira, como estrelas ou heróis, através das novelas, ou coisas que o valham, principalmente, feitas pela Rede Globo. Menor problema se tudo isso fizesse parte de um contexto, mas não. Apenas isso é todo o contexto.

E para não dizer que não falei das flores, como diria Geraldo Vandré, faço a seguinte pergunta à Rede Record de Televisão: você quer mesmo mudar tudo isso? Eu mesmo respondo para encurtar a palhaçada: obviamente que não! A Record quer apenas inverter a ordem das coisas. Ela que ser a Globo! A briga não é por qual emissora irá oferecer o melhor conteúdo televisivo para a população brasileira, mas sim para decidir qual emissora terá mais poder junto ao governo (circo) e mais audiência junto à população (domesticada), seguido de mais investimentos por parte dos anunciantes (capitalistas). Tudo que for diferente disso e você saiba, caro leitor amigo do Comunique-se, informe para mim e também para Deus, pois nem ele e nem eu sabemos de outros objetivos por parte das TVs brasileiras. Eu só vejo um monopólio nessa história (zorra toda) e é o monopólio da estupidez. Abra, pelo menos, um olho, caro leitor amigo, pois em terra de cego caolho é rei.

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